Voltar é continuar ou regredir?

sexta-feira, 3 de abril de 2015 02:00 by Érika M. T. Araújo
Bem, já não sei se ainda sei editar em html. Seja como for, será postado. Um dia, quem sabe, editarei.

Amanhã, precisamente no dia 04 de abril, fará 1 semana que meu pai faleceu. Dispenso comentar muito sobre quem ele foi e o quanto sempre representará pra mim e pra muito de nós. Tornaria-se um livro, não uma postagem. O fato é que eu prometi tantas coisas à ele. Prometi que quando ele melhorasse eu aprenderia "nihongô" pra conversar só em japonês com ele. Que estudaria, me dedicaria a realizar meu sonho e o sonho da minha mãe em ser veterinária.Daria o sonho exposto à pouco tempo à mim de dar-lhe um netinho.

Até então, com  vida estagnada, me vi diante de uma situação em que eu poderia sair da zona de conforto, apesar de me parecer mais racional cuidar da minha saúde primeiro, pra apenas agradar meu pai. Mas ressalto que ele nunca me cobrou nada, sequer opinou. Só sabia falar bem de mim, de se mostrar orgulhoso com a filha forte, amorosa, bondosa e compassiva que ele me fez tornar. Talvez hoje eu não quisesse que ele tivesse sido tão bom pai, talvez eu não seria tão boa filha e consequentemente não sofresse tanto hoje.

Sem mais pra desabafar, com "preguiça" pra conversar com algumas pessoas, limito-me à apenas recusar algumas ligações. Sinto falta de pessoas empáticas, pessoas que parem de me dizer que eu devo comer, devo sair, devo ser forte. Que só me é dado uma cruz que eu possa aguentar. Acho que isso explica as dores constantes nas costas, ou meu 1,5m. Percebo que preciso ter momentos pra ficar sozinha, que o barulho, o movimento e as vozes me incomodam. Eu jogo meus joguinhos bobos, durmo, como coisas de microondas e isso me basta. Quero chorar com quem chora comigo, não com quem me diz pra ser forte, que vai passar, pra me levantar que é isso que meu pai iria querer. Que me deixem ser, que parem de mandar eu não ser. Deixem que eu seja!

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Maria, ainda adormecida, olhou ao redor e chovia. Não lá fora, chovia em sua alma, chovia tanto que transbordava de seus olhos. Ela aprendeu a fechar as janelas nos dias de chuva, mas pra se sentir mais segura, também trancava todas as portas. Se os trovões batessem sua porta, talvez ela os convidasse para entrar, mas os relâmpagos eram veementemente proibidos. Muita luz para os olhos de Maria que já se acostumara com as nuvens. Nuvens que não pareciam algodão doce, agora eram como sonhos que estavam em brasa, tornaram-se nuvens tristes, esperando virar chuva e escorrer entre os esgotos das cidades. Ela agora olha pra todos os lados e todas as faces lhe parecem inexpressivas. Sentia falta das faces tristes ou sorridentes, sentia falta das faces empáticas. Maria quer mais faces, outras faces, novas faces. Quer antigas faces, mas talvez não queira. Maria percebe que querer não é poder.
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